PMJP ajuda mulheres vítimas de violência doméstica a superar trauma
02 jan 13
O espaço bucólico do Parque Arruda Câmara (Bica) foi o lugar escolhido pelo grupo de mulheres atendidas pelo Centro de Referência Ednalva Bezerra, vinculado à Secretaria Extraordinária de Políticas Públicas para as Mulheres (SEPPM), para celebrar o advento de uma vida nova e as conquistas alcançadas no ano. Num tarde de confraternização, embaladas pelo clima das festas de final de ano, 30 mulheres tiveram uma aula especial de ioga, brincaram, dançaram e desfrutaram de um coquetel para brindar a vida.
Composto por mulheres de todas as idades, raças, credos e classes sociais, o grupo tem em comum o fato de ter sofrido agressões físicas, psicológicas ou patrimoniais por parte de maridos, namorados ou companheiros. Com o rompimento do ciclo de violência doméstica, elas passaram a ter o reconhecimento da própria cidadania e a autonomia financeira e profissional. É o caso de Neves, professora e vendedora, 48 anos: “Antes, eu vivia a vida do outro, não tinha vida própria. Hoje, estudo ciências da religião, na UFPB, e faço os cursos de formação de ioga e de jurista popular”, contou, empolgada.
Em vez de se lamentar pelo histórico de sofrimento, todas elas contam histórias de superação. “Passei 38 anos sendo humilhada por meu marido, por atos e palavras. Foi somente quando ele me transmitiu o vírus da sífilis que eu resolvi dar um basta e pedir o divórcio”, disse Avani, 68 anos, cinco filhos. Dona de casa, ela tem como fonte de renda o Benefício da Prestação Continuada do Governo Federal e, recentemente, comemorou a aquisição da casa própria, por meio da cota disponibilizada pela Secretaria Municipal de Habitação (Semhab) às mulheres em situação de vulnerabilidade e atendidas pelo Centro de Referência.
Na tarde de confraternização, que teve início com uma dinâmica para ressaltar a importância da integração da rede, elas se disseram “companheiras da alegria”, e não mais “da dor”. Lourdes, ex-usuária do CRM (e hoje sua funcionária) acrescentou que é muito gratificante trocar experiências com o grupo. “Eu sou até um pouco ‘psicóloga’ das colegas que chegam lá, sofridas e confusas, como um dia cheguei”, disse.
Rede – Na dinâmica realizada pelas mulheres do CRM Ednalva Bezerra, com um grande novelo de linha, cada uma delas escolheu uma pessoa do grupo que foi importante na sua caminhada e passou o fio. Ao passar o fio, elas explicaram o porquê da escolha e relataram suas experiências sobre antes e depois de tomar consciência de que, para sobrevier e salvar sua família, teriam que desatar antigos nós e superar limitações.
No final da dinâmica, foi construída uma rede entrelaçada, para demonstrar a importância da participação de todas elas na construção e manutenção do grupo. “Eu nunca tinha participado de nenhum grupo antes. Fazer parte desta rede de mulheres, pra mim, é uma grande vitória”, disse Maria das Graças, outra integrante das atividades do Centro de Referência.
Centro da Mulher – Todas as mulheres foram unânimes ao reconhecer o Centro de Referência Ednalva Bezerra como instrumento decisivo de mudança na vida das mulheres da Grande João Pessoa. “O Centro me ensinou a ter atitude. Para amar alguém, preciso antes me amar. Hoje, refiz minha vida e sou uma nova pessoa, embora ainda sinta, psicologicamente, os efeitos dos maus tratos”, confessou a funcionária pública, Joelma, de 31 anos.
A funcionária pública Cícera, de 39 anos, usuária do Centro há dois, contou que sofreu muito no casamento. “Meu marido bebia muito e batia em mim. Antes de conhecer o Centro, eu não sabia o que era ser mulher”, declarou. Para Neves, o CRM representa o sucesso que ela é hoje. “Foi quando eu aprendi a acertar. Sem o centro, não teria chegado a lugar algum”, disse. Avani acrescentou que foi no Centro da Mulher que encontrou a solução para seus problemas de violência. “Eu me senti forte para enfrentar meu agressor”, ressaltou.
Por outro lado, a Coordenação do Centro de Referência da Mulher e toda sua equipe multiprofissional só têm o que comemorar com o resultado do trabalho desenvolvido. “O que mais nos deixa feliz é saber que de todas as mulheres que procuraram o apoio do centro não temos registro de nenhum óbito”, informou a coordenadora do Centro da Mulher Ednalva Bezerra, Liliane Oliveira.
Uma das principais conquistas das usuárias, em 2012, a aquisição e inauguração da sede própria do CRM, em novembro, que vai proporcionar um melhor acolhimento e atendimento às mulheres.
Serviço: Centro da Mulher Ednalva Bezerra
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