segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Bruno e mais quatro réus vão a júri popular por morte de Eliza Samudio nesta segunda (19)


Bruno e mais quatro réus vão a júri popular por morte de Eliza Samudio nesta segunda (19) 



O goleiro Bruno Fernandes de Souza e outros quatro réus começam a ser julgados por júri popular, a partir desta segunda-feira, (19), pelo cárcere privado e morte da ex-amante do jogador, Eliza Samudio, de 25 anos, em crime ocorrido em 2010.
Sete jurados decidirão o destino dos réus no Fórum de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), no júri presidido pela juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues. A previsão é que o julgamento dure pelo menos duas semanas
Segundo o Ministério Público, oito acusados, sob ordens de Bruno, participaram do sequestro e desaparecimento da modelo, entre eles a mulher e uma namorada do goleiro. A Promotoria acusa o jogador, que atuava no Flamengo, de ter arquitetado o crime para não ter de reconhecer o filho que teve com Eliza nem pagar pensão alimentícia.
Conforme a denúncia, Eliza foi levada à força do Rio de Janeiro para um sítio do goleiro, em Esmeraldas (MG), onde foi mantida em cárcere privado. Depois, a vítima foi entregue para o ex-policial militar Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que a asfixiou e desapareceu com o corpo, nunca encontrado. Bruno e os demais acusados negam.
O bebê Bruninho, que foi achado com desconhecidos em Ribeirão das Neves (MG), hoje vive com a avó em Mato Grosso do Sul. Um exame de DNA comprovou a paternidade.
Do total de nove acusados, dois serão julgados separadamente – Elenílson Vitor da Silva e Wemerson Marques de Souza. Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, foi morto a tiros em agosto. Outro suspeito, Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi absolvido.
Investigações
A polícia encerrou o inquérito com base em laudos que atestam a presença de sangue de Eliza em um carro de Bruno, nos depoimentos de dois primos que incriminam o goleiro, em sinais de antena de celular e multas de trânsito que mostram a viagem do grupo do Rio de Janeiro até Minas Gerais e em conversas de Eliza com amigos pela internet, nas quais relata o medo que sentia.
Eliza também havia prestado queixa contra o atleta quando ainda estava grávida, dizendo que ele a forçou, armado, a tomar abortivos. Ela ainda deixou um vídeo dizendo que poderia aparecer morta se não tivesse proteção.
Apesar de os primos de Bruno terem alterado as versões, os depoimentos devem ser usados pela acusação no júri. Um deles, adolescente à época, já cumpriu medida socioeducativa por atos análogos a homicídio e sequestro. Ele foi o primeiro a delatar o goleiro, confessando ter ajudado Bruno a levar Eliza ao sítio. O jovem contou que a vítima foi entregue a Bola e que ele presenciou a morte. Dias depois, negou tudo.
O outro primo, Sérgio Rosa Sales, ajudou na reconstituição do crime, mas foi morto com seis tiros, em agosto deste ano. Ele também chegou a desmentir as acusações contra o goleiro, mas, em uma carta enviada por ele aos pais, incluída no inquérito, relatou ter sofrido ameaça de outros advogados para alterar o depoimento. À época, o advogado de Bruno, Francisco Simim, negou qualquer pressão.
Confronto de versões
Defesa e acusação devem apresentar seus argumentos para tentar convencer os jurados em mais de vinte horas de debates. Antes, serão ouvidas 30 testemunhas, seguidas pelo interrogatório dos réus, que têm o direito de permanecer em silêncio. Desde o início das investigações, em junho de 2010, todos negam o crime, mas, a cada troca de advogados, as declarações dos principais acusados mudaram.
Na primeira versão sobre o caso, ao ser questionado sobre a denúncia anônima afirmando que Eliza havia sido morta, o goleiro disse que ela deixou o filho com Macarrão, o amigo a quem chamou de "funcionário", e que não a via havia dois meses. Mais tarde, seria divulgada a tatuagem do amigo do goleiro: "Bruno e Maka. A amizade, nem mesmo a força do tempo irá destruir, amor verdadeiro".
Bruno e Macarrão acabaram condenados pela Justiça do Rio em outro processo por cárcere privado e sequestro de Eliza. Naquele julgamento, em novembro de 2010, o goleiro disse que havia mentido na primeira declaração a jornalistas e que encontrou Eliza no sítio. Em recurso, a Justiça do Rio reduziu a pena para 1 ano e 2 meses, e o caso foi extinto.
Em março deste ano, o novo advogado de Bruno, Rui Pimenta, afirmou que o goleiro admitiria no júri que Eliza está morta e que Macarrão teria tomado a decisão de matar a jovem. Reportagem da revista "Veja", em julho, afirmava que Bruno teria mandado uma carta para Macarrão usar o "plano B", que seria assumir a culpa sozinho. A defesa de Bruno confirmou a carta. A defesa de Macarrão nega esta versão, e a de Bola a classifica como "suicida".
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O mesmo advogado agora afirma que Bruno vai negar a morte de Eliza. "É ficção", disse ao "Fantástico", no último dia 11 de novembro.
De posse de todos os depoimentos e provas apresentadas no julgamento, os jurados devem se reunir em uma sala secreta para definir o veredicto para cada um dos réus. Se considerados inocentes, saem livres do fórum. Se culpados, as penas podem ultrapassar os 35 anos de prisão.
Pelo Código Penal brasileiro, ninguém permanece preso por mais de 30 anos. Com 2/5 de pena cumprida, por se tratar de crime hediondo, os réus podem pedir progressão para o regime semiaberto, que deve ser decidida pelo juiz com base no comportamento e antecedentes.
G1

Um comentário:

  1. Eliza Samudio foi condenada a MORTE pela sua escolha reprodutiva. Infelizmente muitas "Eliza" morrem no Brasil por suas escolhas reprodutivas, ou seja por decidir levar uma gravidez a frente mesmo sem o apoio do dito "pai", como também são condenadas a morte quando decidem interromper uma gravidez não deseja e o Estado não acolhe essa mulher no serviço de saúde e condena a prisão. Essa intolerância do Estado, leva a mulher a realizar o aborto em condições inseguras colocando sua vida em risco!!

    As mulheres sabem decidir os filhos que querem ter e os que não querem ter. Pena que, muitas vezes, ainda tenham que pagar com a morte por suas decisões sexuais e reprodutivas.

    "Pesquisas mostram um aumento da violência durante a gestação. A Comissão de Cidadania e Reprodução, apoiou estudo da advogada Tamara Amoroso e da socióloga Thais Lapa, que analisaram 781 processos julgados pelos Tribunais de Justiça de todos os Estados, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF) entre 2001 e 2006. Constataram que 31% das ações judiciais que tratam de aborto no Brasil referem-se a interrupções de gravidez causadas por violência contra gestantes. As razões variavam: da indignação de um ex-namorado, por exemplo, por não conseguir reatar o relacionamento, até o cálculo frio de quem mata a ex-mulher grávida por estar em outro relacionamento e não aceitar haver-se com uma ex-companheira grávida de um filho seu. Do total de processos vinculando aborto à violência, 67% eram da Região Sudeste, 20% da Sul, 7% da Centro-Oeste, 4% da Nordeste e 2% da Norte. Essa predominância reflete maior acesso ao Judiciário nos estados mais desenvolvidos".

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