sexta-feira, 26 de julho de 2013

Ministro do STF nega suspender MP que criou programa Mais Médicos

Associação argumentou que não havia urgência para tratar tema em MP.
Para Ricardo Lewandowski, não cabe ao Supremo decidir se há urgência.


O presidente em exercício do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, negou nesta sexta-feira (26) pedido da Associação Médica Brasileira (AMB) para suspender a medida provisória que criou o programa Mais Médicos, do governo federal.
A AMB entrou com a ação na quarta (24) e pediu uma decisão provisória para suspender a MP. O pedido foi analisado por Lewandowski, que comanda o tribunal porque o presidente Joaquim Barbosa está de férias em razão do recesso do Judiciário.
Mais Médicos Info V2 26.7 (Foto: Editoria de Arte/G1)
A associação ainda pode recorrer ao plenário do Supremo, que só volta a se reunir em 1º de agosto.
O programa, criado pela medida provisória 621/2013, visa suprir a carência de profissionais nas periferias e interior do país, além de permitir a vinda de profissionais estrangeiros para trabalhar em locais específicos sem exigir a revalidação do diploma.
A AMB argumentou em mandado de segurança que não havia relevância e nem urgência para que o tema fosse tratado em MP, uma vez que mudanças só serão válidas a partir de 2015.
O mandado de segurança é um tipo de ação para questionar abuso de poder de autoridade pública quando há risco de se ferir um direito.
O ministro Ricardo Lewandowski entendeu que não cabe ao Supremo definir se há ou não relevância e urgência. "Se trata de competência constitucionalmente atribuída ao Executivo e ao Legislativo, os quais representam diretamente a soberania popular. E, em uma primeira análise, tais vícios não se afiguram evidentes no caso sob exame."
Além disso, o magistrado citou entendimentos anteriores do Supremo de que medida provisória não pode ser questionada por mandado de segurança.
Lewandowski tomou decisão diferente da adotada pelo presidente da corte, Joaquim Barbosa, na semana passada. Após outro mandado de segurança apresentado pelo deputado Jair Bolsonaro, Barbosa deu prazo de 10 dias para que a Presidência da República dê esclarecimentos sobre o programa.
Além disso, a Advocacia Geral da União foi notificada nesta quarta (24) para apresentar defesa em 72 horas em ação protocolada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) na Justiça Federal do DF.
Ao todo, há cinco ações na Justiça contra o programa: três na Justiça Federal do DF, uma da AMB, outra do CFM e uma terceira da Federação Nacional dos Médicos (Fenam). Os outros dois estão no Supremo, o da AMB, que foi negado, e o de Bolsonaro.

Associação Médica Brasileira Pede suspensão do Programa + Médicos






MUITO BEM MINISTRO LEWANDOWSKI!!! E DIGO MAIS: OS MÉDICOS QUE ESTÃO SABOTANDO O PROGRAMA "MAIS MÉDICOS" SÃO UNS VERMES:((((

26/07/2013 - 18h35
STF nega pedido de suspensão do programa Mais Médicos
PUBLICIDADE

ANDRÉIA SADI
DO PAINEL
FLÁVIA FOREQUE
JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA

Ouvir o texto
O STF (Supremo Tribunal Federal) negou, nesta sexta-feira (26) o pedido de liminar para suspender o programa Mais Médicos feito esta semana pela AMB (Associação Médica Brasileira).

O programa, lançado há pouco mais de duas semanas pela presidente Dilma Rousseff, pretende distribuir médicos brasileiros e estrangeiros em cidades com carência desses profissionais, e ampliar o curso de medicina em dois anos. Lançado via medida provisória, sem amplo debate, encontrou resistência da classe médica e de faculdades de medicina.

O ministro Ricardo Lewandowski, que está responsável por decisões do STF durante o recesso, citou em sua decisão dados que o governo tem usado para apontar a falta de médicos no país e, assim, justificar as medidas adotadas.

"Vê-se, pois, que o ato impugnado configura uma política pública da maior importância social, sobretudo ante a comprovada carência de recursos humanos na área médica no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Assim, o cenário indica a existência de periculum in mora inverso, ou seja, o perigo na demora de fato existe, porém milita em favor da população", afirma o ministro.

Essa é a primeira resposta aos pedidos de suspensão do programa Mais Médicos feitos a diferentes esferas da Justiça desde a semana passada.

Saudades também traz alegria!

http://youtu.be/b9DXGLrqDYg

E agora Hipócrates? Quem não tem medo de médico?



Juramento de Hipócrates
       

 "Juro por Apolo Médico, por Esculápio, por Higéia, por Panacéia e por todos os deuses e deusas, tomando-os como testemunhas, obedecer, de acordo com meus conhecimentos e meu critério, este juramento: Considerar meu mestre nesta arte igual aos meus pais, fazê-lo participar dos meios de subsistência que dispuser, e, quando necessitado com ele dividir os meus recursos; considerar seus descendentes iguais aos meus irmãos; ensinar-lhes esta arte se desejarem aprender, sem honorários nem contratos; transmitir preceitos, instruções orais e todos outros ensinamentos aos meus filhos, aos filhos do meu mestre e aos discípulos que se comprometerem e jurarem obedecer a Lei dos Médicos, porém, a mais ninguém. Aplicar os tratamentos para ajudar os doentes conforme minha habilidade e minha capacidade, e jamais usá-los para causar dano ou malefício. Não dar veneno a ninguém, embora solicitado a assim fazer, nem aconselhar tal procedimento. Da mesma maneira não aplicar pessário em mulher para provocar aborto. Em pureza e santidade guardar minha vida e minha arte. Não usar da faca nos doentes com cálculos, mas ceder o lugar aos nisso habilitados. Nas casas em que ingressar apenas socorrer o doente, resguardando-me de fazer qualquer mal intencional, especialmente ato sexual com mulher ou homem, escravo ou livre. Não relatar o que no exercício do meu mister ou fora dele no convívio social eu veja ou ouça e que não deva ser divulgado, mas considerar tais coisas como segredos sagrados. Então, se eu mantiver este juramento e não o quebrar, possa desfrutar honrarias na minha vida e na minha arte, entre todos os homens e por todo o tempo; porém, se transigir e cair em perjúrio, aconteça-me o contrário".

Considerado o Pai da Medicina


       Porque só agora o CRM interditou o HU de João Pessoa, fizeram vista grossa e agora como precisam enfrentar as politicas que beneficiam a população, mais uma vez têm uma atitude corporativa para prejudicar a população






O que foi que aconteceu com os médicos?

 O capitalismo se tornou mais selvagem?
     
A vida é menos importante do que a tomografia?

   A sociedade brasileira já se preocupou em saber  

quantas cirurgias deixam de serem feitas porque o 

preço exigido pelas equipes médicas são tão absurdas 

 que se tornam impagáveis?

 Não podemos ficar reféns dessa corporação perversa.
  



Bom dia doutor!



O simples fato de usar este jaleco  era motivo de muito respeito...
Jefferson Buitrago  via Sonia Lacerda



PARA TRATAR OS PACIENTES COM RESPEITO NÃO É 

NECESSÁRIO SÓ EQUIPAMENTOS.É PRECISO TER 

SENSIBILIDADE E HONRAR O JURAMENTO 

PROFISSIONAL.EQUIPAMENTOS E MEIOS SÃO 

IMPORTANTES. NO ENTANTO A SAÚDE PÚBLICA 

MELHORARIA BASTANTE SE OS MÉDICOS 

CUMPRISSEM COM SEU PAPEL.FICAR USANDO A 

FALTA DE ESTRUTURA 

COMO DESCULPA PARA PLEITOS CORPORATIVISTAS 

É UMA DEMONSTRAÇÃO INEQUÍVOCA DO DESCASO 

DOS MÉDICOS COM A POPULAÇÃO.INFELIZMENTE 

OS PROFISSIONAIS COMPROMETIDOS COM UMA 

SAÚDE PÚBLICA DE QUALIDADE SÃO MINORIA.



domingo, 21 de julho de 2013

Ser doutor é mais fácil do que se tornar médico

 Resistência ao projeto que obrigará os estudantes de medicina a trabalhar dois anos no SUS expõe a fratura social do Brasil

ELIANE BRUM 15/07/2013 10h26 - Atualizado em 15/07/2013 13h16



O programa “Mais Médicos”, lançado pela presidente Dilma Rousseff, não vai resolver o problema do Sistema Único de Saúde (SUS). Mas pode, sim, ser parte da solução. Ou alguém realmente acredita que colocar mais médicos nos lugares carentes do Brasil pode fazer mal para a população? Sério que, de boa fé, alguém acredita nisso? A veemência dos protestos contra o projeto de ampliar o curso de medicina de seis para oito anos e tornar esses dois últimos anos um trabalho remunerado para o SUS revela muito. Especialmente o quanto é abissal a fratura social no Brasil. E o quanto a parte mais rica é cega para a possibilidade de fazer a sua parte para diminuir uma desigualdade que deveria nos envergonhar todos os dias – e que, no caso da saúde, mata os mais frágeis e os mais pobres.

Para resolver o problema do SUS é preciso assumir, de fato, o compromisso com a saúde pública gratuita e universal. O que significa investir muito mais recursos. Em 2011, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil gastou US$ 477 per capita em saúde. Menos do que vizinhos como Uruguai (US$ 817,8) e Argentina (US$ 869,4), por exemplo. E quase seis vezes menos do que o Reino Unido (US$ 2.747), cujo sistema de saúde tem sido apresentado como referência do projeto do governo. Hoje, falta dinheiro e falta gestão eficiente. Sem dinheiro e sem eficiência, duas obviedades, não se constrói um sistema decente. Mas, para investir mais dinheiro no SUS, é preciso tocar também em questões sensíveis, como o financiamento da saúde privada. Falta dinheiro no SUS também – mas não só – porque o Estado tem subsidiado a saúde dos mais ricos via renúncia fiscal. 
Um recente estudo do IPEA (leia aqui) mostrou que, em 2011, último ano avaliado, quase R$ 16 bilhões de reais deixaram de ser arrecadados pelo governo, por dedução no imposto de renda de pessoas físicas e jurídicas e desoneração fiscal da indústria farmacêutica e de hospitais filantrópicos. O que é, de fato, renúncia fiscal? Um pagamento feito pelo Estado: ele não desembolsa, mas paga, ao deixar de receber. Assim, quase R$ 16 bilhões, o equivalente a 22,5% do gasto público federal em saúde, deixaram de ser investidos no SUS para serem transferidos para o setor privado, numa espécie de distribuição de renda para o topo da pirâmide. Para ter uma ideia do impacto, é mais do que os R$ 13 bilhões que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirma que o governo está investindo em unidades básicas de saúde, pronto-atendimento e hospitais. Não é a toa que, entre 2003 e 2011, o faturamento do mercado dos planos de saúde quase dobrou e o lucro líquido cresceu mais de duas vezes e meia acima da inflação. 
O governo tem estimulado a população – e também os empregadores – a investir em saúde privada. Um plano de saúde privado tornou-se uma marca de ascensão social. A “classe C” ou “nova classe média” tem sido vítima de planos de saúde mequetrefes que, na hora de maior necessidade, deixam as pessoas desprotegidas. Como muitos já sentiram na pele, quando a coisa realmente aperta, quando a doença é séria e requer recursos  e intervenções de ponta, quem vai resolver não é a rede privada, mas o SUS, porque uma parte significativa dos planos não cobre os exames e tratamentos mais caros.  
Para que a solução seja estrutural – e não cosmética – é preciso acabar com as distorções e fortalecer o SUS. Sem dinheiro, o SUS vai sendo sucateado e se torna o destino apenas dos mais pobres e com menos instrumentos para reivindicar seus direitos. Assustada com a precarização do SUS, a classe média se sacrifica para pagar um plano privado, que tem sempre muitas letras miúdas. Os trabalhadores organizados incluem saúde privada na pauta sindical, afastando-se da luta do SUS. Quem tem mais poder de pressão para pressionar o Estado por saúde pública de qualidade, portanto, encontra saídas individuais – que muitas vezes vão se mostrar pífias na hora da urgência – ou saídas coletivas, mas para grupos específicos, no caso dos empregados com planos empresariais. 
Enquanto sobrar distorções e faltar dinheiro, o SUS não vai melhorar. Não vai mesmo. Neste sentido, tem razão quem afirma que o programa “Mais Médicos” é demagogia. Mas apenas em parte.
Acrescentar dois anos ao curso de medicina e tornar esses dois últimos anos um trabalho remunerado no SUS, uma das mudanças previstas para iniciar em 2015, pode ser um aprendizado. E rico. Não só da prática médica como da realidade do país e da sua população, o que não pode fazer mal a alguém que pretenda ser um bom médico. Para que isso funcione, tanto como formação quanto como atendimento de qualidade à população, é preciso que exista de fato a supervisão dos professores e das faculdades. E essa é uma boa causa para as entidades corporativas e para as escolas de medicina.  
Hoje, um dos problemas do SUS é a fragilidade da atenção básica: o que poderia ser resolvido nos postos de saúde ou pelo médico de família e que consiste em cerca de 90% dos casos acaba indo sobrecarregar os hospitais, que deveriam ser acionados apenas para os casos mais graves. A distorção provoca problemas de atendimento de uma ponta a outra do sistema. Por outro lado, entre os avanços mais significativos do SUS está o Programa Saúde da Família (PSF), um dos principais responsáveis, junto com o Bolsa Família, pela redução da mortalidade infantil no país. Mas faltam médicos para esse programa. A atuação dos estudantes de medicina poderá fazer uma enorme diferença. E isso não é pouco num país em que os filhos dos pobres ainda morrem de diarreia e de doenças já erradicadas nos países desenvolvidos. 
A obrigatoriedade de trabalhar dois anos no SUS tem sido considerada por alguns setores, como as entidades corporativas, uma violação dos direitos individuais do estudante de medicina. Será que não poderia ser vista, além de um aprendizado, também como uma contrapartida, especialmente para quem estudou em universidades públicas ou foi beneficiado com bolsas do Prouni? O Estado, o que equivale a dizer toda a população brasileira, incluindo os que hoje não têm acesso à saúde pela precariedade do SUS, financia os estudos desses estudantes. Não seria lógico e mesmo ético que, ao final do curso, os estudantes devolvessem uma mínima parte desse investimento à sociedade? Para os estudantes das escolas privadas, o projeto prevê a liberação do pagamento das mensalidades nestes dois últimos anos. Mas sempre vale a pena lembrar que também há financiamento público das particulares, na forma de uma série de mecanismos, como renúncia fiscal para as filantrópicas e para as que aderiram ao Prouni.
Os estudantes de medicina serão remunerados pelo trabalho e pelo aprendizado. O valor mensal da bolsa ainda não está definido, mas a imprensa divulgou que será algo entre R$ 3 mil e R$ 8 mil. Ainda que seja o menor valor, que outra categoria no Brasil pode sonhar em ganhar isso antes mesmo de se formar? E mesmo depois de formado? Por que, então, uma resistência tão grande? 
Por causa do abismo. A maioria dos estudantes de medicina vem das classes mais abastadas, como mostrou a Folha de S. Paulo de 13/7: na Unesp (Universidade Estadual Paulista), apenas 2% cursaram colégio público, contra 40% no geral; na USP (Universidade de São Paulo), 20% dos estudantes têm renda familiar superior a R$ 20 mil, não há negros na turma que ingressou em 2013. Historicamente, a elite brasileira não se vê como parte da construção de um país mais igualitário. Pelos motivos óbvios – e porque está acostumada a receber, não a dar. Assim, ter seus estudos financiados pelo conjunto da população brasileira é interpretado como parte dos seus direitos – não como algo que pressupõe também um dever ou uma contrapartida. Dever e contrapartida, como se sabe, são para os outros.
Não fosse esse olhar sobre si e sobre seu lugar no país, seria plausível que trabalhar os dois últimos anos do curso no SUS pudesse ser uma boa notícia para quem escolheu ser médico. Fosse até desejável. Primeiro, porque está ajudando a levar saúde a uma população que não tem. E, neste sentido, pode fazer a diferença, algumas vezes entre viver e morrer. Segundo, por participar da construção de um país mais justo, o que implica deveres ainda maiores a quem recebeu mais. Receber mais – melhores escolas, melhor saúde, melhores oportunidades – não significa que tenha de continuar recebendo mais, mas que precisa dar mais, já que a responsabilidade com quem recebeu menos se torna ainda maior. Terceiro, porque é inestimável a oportunidade de conhecer as dores, as necessidades e as aspirações das porções mais carentes do Brasil, não só pelo aprendizado médico em si, mas pelo que essa população pode ensinar sobre um outro viver. 
Tornar-se médico – e não apenas um técnico em medicina – não passa pela capacidade de escutar o outro como alguém que tem algo a dizer não apenas sobre seus sintomas, mas sobre uma visão de mundo singular e uma interpretação complexa da vida? 
Ao ler a maioria das críticas sobre o programa, o que chama a atenção é a impossibilidade de seus autores se verem como parte da construção de um SUS mais forte e eficiente, o que significa ser parte da construção de um Brasil melhor para todos – e não só para uma minoria. No geral, o que se revela nitidamente é um olhar de fora, como se tudo tivesse que estar pronto, em perfeitas condições, para que só então o médico atuasse. Mas é no embate cotidiano, no reconhecimento das carências e na pressão por mudanças que o SUS será fortalecido, como tem mostrado em sua prática uma parcela dos médicos tachada – às vezes pejorativamente – como idealista. Nesse sentido, também os estudantes de medicina e seus professores farão uma enorme diferença ao estar no palco onde esse embate é travado. Ao estar presentes – promovendo saúde, denunciando distorções e pressionando por qualidade – mais do que hoje. 
Acredito que a vida da maioria só muda quando os Brasis se aproximam e se misturam. Tenho esperança de que esse programa – se bem executado, o que só pode acontecer com a adesão e o compromisso de todos os envolvidos – possa ser inscrito nesse gesto. O conjunto de medidas do “Mais médicos”, que inclui também a atuação de profissionais estrangeiros em áreas carentes, já promoveu pelo menos um impacto positivo: colocou o SUS no centro da pauta nacional. Seria tão importante que os protagonistas desse debate superassem a polarização inicial entre governo e entidades médicas para fazer uma discussão séria, com a participação da população, que pudesse resultar no acesso real da maioria a um sistema de saúde com qualidade. E seria uma pena que essa oportunidade fosse perdida por interesses imediatos e menos nobres, tanto de um lado quanto de outro. 
É grande o debate sobre se faltam profissionais ou se eles estão mal distribuídos. O que me parece é que não faltam doutores no Brasil – o que falta são médicos. São muitos os doutores que ainda nem sequer se formaram, mas já assumiram o título e o encarnam num sentido profundo. O SUS terá mais chance quando existirem menos doutores e mais médicos trilhando o mapa do Brasil.  
(Eliane Brum escreve às segundas-feiras.)

Empresa indiciada pela Polícia Federal no JampaDigital fez 21 depósitos em dinheiro na conta de campanha de Ricardo Coutinho


   
notíciasPOLÍTICA

Empresa indiciada pela Polícia Federal no JampaDigital fez 21 depósitos em dinheiro na conta de campanha de Ricardo Coutinho

Clilson Júnior
Empresa indiciada pela Polícia Federal no JampaDigital fez 21 depósitos em dinheiro na conta de campanha de Ricardo Coutinho
Clilson Júnior
ClickPB

28 de Março de 2012 - 16h14



A Empresa baiana “Ideia Digital” responsável pela implantação do JampaDigital e indiciada ontem pela Polícia Federal, fez 21 depósitos em dinheiro na conta corrente de campanha do candidato Ricardo Coutinho em 2010. Dos 21 depósitos em espécie, 20 foram feitos em apenas um dia, 08/09/2010.

O Jornal Nacional e Jornal da Globo, da Rede Globo de Televisão revelaram na noite desta sexta-feira (19) que o vice-governador da Paraíba, Rômulo Gouveia (PSD) e o marqueteiro Duda Mendonça foram indiciados pela Polícia Federal no escândalo do Jampa Digital por desvio de recursos para a campanha do governador, Ricardo Coutinho (PSB), que bem como o ministro Aguinaldo Ribeiro (PP), também teve seu nome citado e recomendado para investigações, já que possuem foro privilegiado, ao lado de deputados federais.

Mesmo que a doação eleitoral por parte de empresas que prestam serviços para a administração pública não seja vedada pela Lei Eleitoral, destaca o advogado especializado em direito eleitoral. "Apenas concessionárias e permissionárias de serviços públicos - como empresas de ônibus - são proibidas de fazer as contribuições", disse o jurista, a Ideia Digital havia fornecido serviços ao então candidato a governador, ná época prefeito de João Pessoa.

Coincidentemente, a Ideia Digital Sistemas Consultoria, recebeu 10 dias antes do depósito na conta de campanha do governador Ricardo Coutinho, a importância R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos reais) referente a prestação de serviço e compra de equipamentos para contrapartida do projeto cidade digital, conforme processo de compra através do contrato nº 07/2010.


Foram desviados mais de R$ 1 milhão de um programa que deveria levar internet de graça para a população de João Pessoa, na Paraíba. A Polícia Federal indiciou 23 pessoas. Entre elas, estão o vice-governador Rômulo Gouveia e o publicitário Duda Mendonça. O Jornal da Globo teve acesso, com exclusividade, aos detalhes dessa investigação.

VALOR RECEBIDO PELA IDEIA DIGITAL, 10 DIAS ANTES. (DADOS DO TCE)
 Jampa Digital

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Mais Médicos conta com 11.701 médicos e 753 municípios inscritos

Data de Cadastro: 17/07/2013 as 17:12:52 alterado em 17/07/2013 as 17:25:14
EM UMA SEMANA

Mais Médicos conta com 11.701 médicos e 753 municípios inscritos

Diante de denúncias de falsas inscrições para atrasar o cronograma do programa, a Ouvidoria do SUS entrará em contato com os profissionais cadastrados para avaliar real interesse na iniciativa
O Programa Mais Médicos registra em sua primeira semana 11.701 médicos e 753 municípios inscritos. Do total de profissionais que deram início ao cadastro, 9.366 se formaram no Brasil e 2.335 no exterior, 10.786 são de nacionalidade brasileira e 915 estrangeiros. Lançado pela presidenta da República Dilma Rousseff na semana passada, o programa ampliará a presença de médicos em regiões carentes, como municípios do interior e periferias de grandes cidades.
As inscrições para o Mais Médicos seguem abertas até 25 de julho e podem ser feitas pelo site do Ministério da Saúde, www.saude.gov.br. Os médicos participantes receberão bolsa federal de R$ 10 mil, paga pelo Ministério da Saúde, ajuda de custo e farão especialização em Atenção Básica. O programa integra um amplo pacto de melhoria do atendimento aos usuários do SUS, com objetivo de acelerar os investimentos em infraestrutura nos hospitais e unidades de saúde, além da chamada de médicos com foco nas regiões de maior vulnerabilidade social. A iniciativa prevê ainda a expansão do número de vagas de medicina e de residência e o aprimoramento da formação médica no Brasil.
“A questão do pacto pela saúde pública, em todas as suas vertentes, é uma tarefa inadiável. E nós todos sabemos disso (...) Não é possível que o Brasil tenha 700 municípios sem ter um médico e mais de 1,5 mil com menos de um médico. Eu considero que não há essa escolha de Sofia entre infraestrutura e médicos. Um país como o nosso tem que ser capaz de enfrentar os dois desafios”, disse a presidenta Dilma Rousseff durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) nesta terça-feira (17), em Brasília.
O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou que os municípios ao se inscreverem devem indicar a unidade de saúde em que há falta de médicos na sua região. “Estamos acompanhando diariamente as inscrições de médicos e municípios. Temos um cadastro que mostra a infraestrutura das unidades básicas de saúde e, além de checarmos isso, os municípios tem que aderir aos programas do Ministério da Saúde para melhorar sua infraestrutura”, afirmou Padilha.
OUVIDORIA –Para verificar o real interesse dos médicos em participar da iniciativa, a Ouvidoria do Sistema Único de Saúde entrará em contato com os profissionais que já se inscreveram no programa e que apresentem inconsistência no cadastro. A medida foi tomada após o Ministério receber uma série de denúncias relatando que grupos têm utilizado as redes sociais para disseminar propostas para inviabilizar e atrasar a implementação da chamada de profissionais. A ideia destes grupos seria gerar um alto número de inscrições formais e, posteriormente, provocar uma desistência em massa, prejudicando os reais interessados na participação da iniciativa.
“O primeiro interesse que tem que ser atendido é o interesse da população, sobretudo aquela que não tem médicos perto de onde vive e trabalha. Estamos estimulando os médicos brasileiros a participar do programa, mas não queremos ninguém que esteja fazendo qualquer tipo de sabotagem para atrasar um programa que visa oferecer médicos para a população”, ressaltou Padilha. Diante das denúncias, o Ministério da Saúde já pediu o acompanhamento pela Polícia Federal das inscrições no programa.
Os médicos formados no Brasil ou com diplomas validados no país terão prioridade nas vagas do programa. As que não forem preenchidas por estes profissionais serão oferecidas aos estrangeiros inscritos na iniciativa. Só serão selecionados médicos que atuam em países que tenham mais de 1,8 médicos por mil habitantes, com registro comprovado naquele país e que tenham conhecimento da língua portuguesa. Os participantes serão acompanhados por instituições públicas de ensino.
Por Paula Rosa e Wesley Kuhn, da Agência Saúde.
Atendimento à Imprensa
(61) 3315 3580 e 3315-2351

segunda-feira, 15 de julho de 2013

MPPB apura denúncia de mulheres dando à luz no chão em maternidade de CG


Promotor Luciano de Almeida Maracajá afirma que esses fatos são inadmissíveis
Médicos que prestam serviços no Instituto de Saúde da Prefeitura de Campina Grande Elpídio de Almeida (Isea) prestaram denúncia na promotoria de Defesa da Saúde de Campina Grande, através de documentos, sobre o suposto tratamento desumano, que o hospital vem dispensado aos pacientes.
De acordo com a denúncia, o Isea apresenta superlotação, bem como péssimas condições de trabalho enfrentadas pelos profissionais da saúde, como falta de equipamentos básicos.
Os documentos, que relatam o suposto caos instalado no hospital, vieram acompanhados de algumasfotografias nas quais as pacientes são atendidas no chão, partos são realizados em sofás, parturientes são amontoadas em corredores, mostrando o quadro de irregularidades do Isea.
Segundo o promotor de Justiça Luciano de Almeida Maracajá esses fatos são inadmissíveis.
“Por maior que seja a crise na saúde pública e estrutural, não se admite que pessoas sejam atendidas no chão como animais. As fotos espelham uma triste realidade: mães tendo seus filhos em sofás porque não dispõem do mínimo, que é o leito, além de mulheres sendo atendidas no chão frio de um corredor”.
Diante da denúncia, foi aberto um procedimento preparatório na Promotoria da Saúde, requisitando explicações à Secretária Municipal de Saúde e à diretoria do hospital, bem como inspeção por parteConselho Regional de Medicina (CRM).
Wscom Online
Foto: Reprodução TV Cabo

domingo, 14 de julho de 2013

Fonteles acusa Ayres Britto de segurar mensalão mineiro

Fonteles acusa Ayres Britto de segurar mensalão mineiro


Primeira denúncia contra Marcos Valério chegou ao STF em 2003. E há oito anos está parada, revela Revista Congresso em Foco. Ex-procurador-geral da República culpa ex-ministro Carlos Ayres Britto pela demora
POR EDSON SARDINHA - No Congresso em Foco
Dois anos antes das denúncias do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de que o governo Lula repassa recursos financeiros a parlamentares e partidos da base aliada, o Supremo Tribunal Federal (STF) já conhecia o empresário Marcos Valério Fernandes e o seu esquema de irrigação de campanhas políticas. Em 2003, uma denúncia por improbidade administrativa contra o ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB) e seu candidato a vice nas eleições de 1998, Clésio Andrade (hoje senador pelo PMDB), levou ao Supremo o que viria a se chamar mais tarde de “mensalão mineiro” ou “valerioduto tucano”. Na ação cível, aquela que permite a reparação do prejuízo ao erário, o Ministério Público pede que os acusados devolvam aos cofres públicos R$ 12 milhões, conta reportagem da sexta edição da Revista Congresso em Foco.
De lá para cá, o Supremo tomou conhecimento do mensalão petista, julgou e condenou 25 dos seus réus. Também recebeu a denúncia criminal do mensalão mineiro. Mas nada fez em relação à ação cível. Uma demora que o ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles, responsável pela primeira denúncia, põe na conta do ex-ministro Ayres Britto.
Em entrevista exclusiva à revista, Cláudio Fonteles acusa Ayres Britto de “deitar” no processo do mensalão mineiro e questiona por que o ministro não imprimiu a esse caso a mesma celeridade que deu ao mensalão petista, cujo julgamento criminal foi pautado por ele como presidente do Supremo. Ayres Britto nega ter usado dois pesos e duas medidas no caso. Segundo ele, por se tratar de ação criminal, passível de prescrição, era preciso correr com o mensalão mais famoso. Um risco que a ação cível do processo mineiro não corria, afirma o ministro aposentado.
Ayres Britto: “Jamais sentei em um processo”
[video player="uol" tipo="audio" largura="330" altura="50"]14588169[/video]
Há oito anos o caso está parado porque o Supremo não examinou um recurso do então senador e agora deputado Eduardo Azeredo, que pedia que o caso, remetido anteriormente à Justiça de Minas Gerais, tramitasse na corte. Sem decisão sobre esse recurso do tucano, a ação não sai do lugar.
A reportagem de Eduardo Militão mostra que, sem contrato, cheques de estatais foram parar na conta da agência de publicidade SMP&B, de Valério, que organizava um enduro de motocross e participava da campanha e do governo de Azeredo, segundo a denúncia do Ministério Público. Um desvio de R$ 3,5 milhões. O hoje senador Clésio Andrade, que foi sócio da de Valério na agência, diz que não sabia dos repasses. Já Azeredo afirma que nunca houve mensalão em Minas e que não tinha conhecimento da contratação da empresa. Em entrevista à revista, o tucano sustenta que a denúncia atende a interesses do PT.

MAIS MÉDICOS PARA O BRASIL INSCRIÇÕES ABERTAS PARA OS MUNICIPIOS




As inscrições para que médicos e municípios participem do Programa Mais Médicos já estão abertas e podem ser feitas no endereço: http://maismedicos.saude.gov.br. O prazo termina no dia 25 de julhoTodos os municípios podem se inscrever.

No ato da inscrição, os gestores devem apontar sua necessidade de médicos, para que o Governo Federal possa levar mais profissionais para a sua região.

O Mais Médicos faz parte de um amplo pacto de melhoria do atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde, que prevê investimento em infraestrutura de hospitais e unidades de saúde, além de levar mais médicos para regiões onde há carência de profissionais.

Com a chamada de médicos para atuar na atenção básica de periferias de grandes cidades e municípios do interior do país, o Governo Federal garantirá Mais médicos para o Brasil e Mais saúde para você.

Em caso de dúvidas no momento da inscrição, acesse a aba Documentos. Lá estão disponíveis arquivos, como um passo a passoque explica as etapas do Programa para municípios e médicos brasileiros e estrangeiros.

Se as dúvidas persistirem, é possível entrar em contato pelo Fale Conosco, por meio do 
e-mail  maismedicos@saude.gov.br ou pela Ouvidoria 136. Para os estrangeiros, o Ministério da Saúde disponibilizou o telefone +55 61 3226-4222.

Além disso, a página do Programa www.saude.gov.br/maismedicos traz todas as informações, documentos e notícias sobre o Mais Médicos.


Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde - SGTES
Ministério da Saúde - MS





quinta-feira, 11 de julho de 2013

DEU NO ESTADÃO: Paraíba é o 3º estado, Cabedelo é a segunda cidade e JP a segunda capital no ranking da violência no Brasil

DEU NO ESTADÃO: Paraíba é o 3º estado, Cabedelo é a segunda cidade e JP a segunda capital no ranking da violência no Brasil

Da Redação
DEU NO ESTADÃO: Paraíba é o 3º estado,  Cabedelo é a segunda cidade e JP a segunda capital no ranking da violência no Brasil
A Paraíba é o terceiro estado mais violento do Brasil, Cabedelo a segunda cidade com mais homicídios por habitantes e João Pessoa a segunda capital onde mais se mata no país. São os dados de uma matéria publicada no Jornal Estadão, baseado nos dados do DATASUS do governo Federal.

Confira na íntegra
Bruno Paes Manso ENVIADO ESPECIAL / JOÃO PESSOA - José Roberto de Toledo e Amanda Rossi
 O estudante Lucas, de 17 anos, recebeu um chamado no celular às 10h45 de anteontem no bairro Colinas do Sul, periferia de João Pessoa, na Paraíba, a 25 km da orla turística de Cabo Branco e Tambaú. Pegou a bicicleta e pedalou por cerca de 1 km em estrada de terra, até ser atingido à queima-roupa por três disparos. Caiu em uma arapuca e morreu perto das 11 horas.
Veja também:

Policiais civis que chegaram ao local, meia hora depois, ainda ouviram dos familiares que Luquinha era simpatizante da gangue O Kaida (corruptela de Al-Qaeda), formada dentro dos presídios paraibanos em 2004. Ele vinha sendo ameaçado por jovens da gangue rival, Estados Unido (sic), cujos integrantes moram no bairro vizinho de Gervásio Maia. A rivalidade entre os grupos hoje já se reproduz por quase todo o Estado. “Uma das hipóteses é de que ele tenha sido morto por causa da disputa local pelo tráfico”, explica o delegado Luiz de Cerqueira Cotrim Neto, da Delegacia de Homicídios. O corpo de Lucas chegou ao IML às 14 horas.
O número de homicídios na Paraíba cresceu 55% entre 2008 e 2011, a maior alta do País. O Estado é o terceiro do Brasil entre os mais violentos, atrás de Alagoas e Espírito Santo, superando Pará, Bahia e Pernambuco. Os números foram compilados pelo Estadão Dados, com base no DataSus. O período coincide com o crescimento da venda de crack nas periferias.
Cabedelo, cidade portuária de 59 mil habitantes na região metropolitana de João Pessoa, registrou 79 assassinatos em 2011 - sua taxa de homicídios chegou a 134 por 100 mil habitantes, a segunda do Brasil e uma das maiores do mundo. Já João Pessoa é a segunda capital brasileira mais violenta, atrás apenas de Maceió. O Estado reflete um problema de toda a Região Nordeste, que já é a mais violenta do País, com 36 homicídios por 100 mil habitantes em 2011 - dados mais recentes.
Para tentar entender a dinâmica dessa epidemia de homicídios, o Estado passou quatro dias entre João Pessoa e Cabedelo. Chegou na quarta-feira, com a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, que participou de uma audiência pública e acabou tendo de ouvir diversos pedidos de ajuda. Grupos do movimento LGBT denunciavam homicídios. Já o cacique geral do Povo Potiguar, Sandro Gomes Barbosa, afirmou que dois caciques foram mortos recentemente e dizia que estava sendo ameaçado por causa do tráfico e disputas de terra. E a advogada Laura Berquó, presidente da Comissão de Igualdade Racial e Liberdade Religiosa da OAB, registrava o homicídio de três pais de santo. “Mais do que a religião, pesa o fato de serem negros e pobres, grupos com a maioria das vítimas da violência.”
Engrenagem. Nos últimos cinco anos, diferentes focos de conflitos homicidas se intensificaram na Paraíba, com a tolerância ou até o incentivo de instituições estaduais. A pistolagem e os assassinatos de aluguel, tradição dos tempos do coronelismo, se modernizaram e passaram a produzir lucros elevados, infiltrando pilares sólidos nas polícias locais.
Foi o que mostrou as investigações da Operação Squadre, desencadeada pela Polícia Federal em novembro de 2012, que levou à prisão de 39 pessoas, entre policiais militares, civis e agentes penitenciários. O Estado teve acesso à íntegra da denúncia.
Foram acusados três núcleos principais. Um deles comandado por oficiais da PM que organizavam a segurança privada do comércio local. Outro era formado por um grupo de extermínio, autor de diversas mortes, muitas delas cometidas contra presos em regime semiaberto que chegavam ou saíam dos presídios. Mas também morreram mulheres grávidas e crianças.
O terceiro extorquia dinheiro de traficantes, além de negociar armas com bandidos. “Ao contrário do que os outros pensam, as milícias não são realidade só do Rio. É uma realidade nacional. É preciso criar controles mais efetivos para coibir essas ações policiais”, diz o secretário de Segurança e Defesa Social da Paraíba, Claudio Coelho Lima.
Crack. O tráfico também se espalhou pelas periferias locais graças à chegada do crack, expansão que acabou incentivada pela rivalidade entre facções territoriais. A O Kaida surgiu em 2004, na Penitenciária de Segurança Máxima Geraldo Beltrão (conhecida como Presídio do Roger). O detento Neguinho do Roger conseguiu importar uma granada que explodiu no presídio e feriu ao menos dez presos. “Sou o Bin Laden. Sou o Iraque. Eles diziam em tom de piada. Acabou criando a O Kaida. E os rivais, viraram Estados Unido”, explica Ednaldo Correa, que foi diretor de 11 presídios paraibanos.
Essa rivalidade saiu de trás dos muros para os bairros e cidades paraibanas. Em abril de 2010, Cabedelo viu uma das lideranças locais da O Kaida, Fatoca, tentar monopolizar o comércio de drogas na cidade. Bandana, dos Estados Unido, defendia sua fatia comercial. O desequilíbrio no mercado e as balas decorrentes levaram a cidade a se tornar a segunda mais violenta do Brasil.
“Conseguimos reduzir a criminalidade nos últimos dois anos prendendo os principais matadores locais”, diz o major Carlos Roberto da Silva Sena, que assumiu o comando da Polícia Militar em 2011. Na tela do computador, ele tem a foto de mais de 100 criminosos, entre eles a de Ni, que tatuou um cemitério nas costas: sete cruzes para cada assassinato cometido.